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18.8.07

Juízes pensam que são deuses

Começou dia 16 e termina na tarde de hoje (18/08), o Seminário Nacional Memória da luta pelos Direitos Humnos no Brasil. Várias foram as falas e intervenções com apresentações de mesas e trabalhos científicos.
Participam do seminário ativistas de direitos humanos e pesquisadores de várias partes do Brasil e de países da América do Sul, entre eles Cecília Coimbra, do Grupo Tortura Nunca Mais, do Rio de Janeiro, discutindo a memória da luta em defesa dos direitos humanos no Brasil. A ditadura militar tem sido parte do cardápio no seminário e várias pesquisas no Brasil apresentadas nesta tarde indicam a organização de centros de documentação no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, recuperando a memória pelos direitos humanos que, em breve deverá ser aberto "online" à população.
Na tarde do dia 17, a última comunicação esteve voltada às pesquisas de doutorado sobre terrorismo e tortura nas prisões durante a ditadura militar. As análises é que o Estado continua sonegando a abertura dos arquivos à sociedade e o que se conhece são, na maioria, os relatos dos que sobreviveram ao terrorismo e tortura durante e após o regime militar. O pior, é que os livros didáticos não tratam da tortura. No máximo tratam superficialmente de regime militar e muitas fezes, não como golpe de Estado.
Resgatar a memória
Entre as personalidades da mesa desta manhã, no Seminário Nacional, em Brasília, organizado pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), a fala a se destacar é do bispo dom Tomás Balduíno. Disse que resgatar a memória alimenta a caminhada e que a memória dos direitos humanos é a memória dos pobres. Memória é recontar a história a partir de baixo, dos escravos, índios, negros... Por outro lado, afirmou, que resgatar esta memória é perigosa e sobversiva por trazer à tona questões que o Estado procura esconder.Reclamou que os ricos, os governos e a elite política não programam direitos e isto é escandaloso. Para ele, nossa história é de dominação, de ausência de revolução... Por isso temos aí este Estado pacato, com um executivo, legislativo e judiciário com a cara decepcionante, agindo como se fossem estados diferentes em uma mesma nação. Mais informações aqui.
Os juízes pensam que são deuses
A última mesa do Seminário Nacional, encerrada com o almoço deste sábado, foi composta para discutir as atividades das entidades sociais de direitos humanos entre elas a Coordenadoria Ecumênica de Serviços (CESE) e a Comissão de Justiça e Paz (CJP) de São Paulo. Pela CJP falou o magistrado e desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, dr. Antônio Carlos Malheiros e disse que os direitos humanos não vem de Lei e sim dos movimentos sociais mobilizados. A Lei está distante da prática e somente a organização da sociedade civil fará com que a Lei se aproxime da realidade.
Disse o desembargador - que nas horas de folga é contador de história (vestido de palhaço) para crianças nos hospitais de São Paulo - que desenvolve trabalhos de formação com os magistrados recem concursados objetivando fazê-los ver que o juciário deve ter a cara do povo. Brincou que "os juízes pensam que são deuses e os magistrados tem certeza de que são" e que este pensamento precisa ser mudado no Poder Judiciário.

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